A irisina é uma miocina que leva ao aumento do gasto de energia. Por isso, diversos estudos têm associado a irisina à melhora da homeostase da glicose pela redução da resistência à insulina. Nesse sentido, entenda, como acontece essa relação entre a irisina e a insulina.
O metabolismo da Insulina
A insulina é conhecida por atuar através de um receptor chamado tirosina quinase, que realiza a fosforilação dos substratos do receptor de insulina (IRS-1 e IRS-2), levando à ativação sucessiva de enzimas quinase. As principais ações pós-prandial da insulina incluem a translocação de transportadores de glicose como o GLUT4 para a membrana dos miócitos e adipócitos e inibição da lipólise e da gliconeogênese.
Insulina, exercício e a irisina
A função hormonal do músculo só foi descrita nos últimos anos, com base na identificação de miocinas que atuam de forma sistêmica, uma delas é a irisina. A maioria das miocinas são liberadas em resposta à contração muscular durante o exercício físico, mas também em resposta a alterações nutricionais. Embora o músculo responde diretamente à insulina aumentando a translocação de GLUT4 e a síntese de glicogênio, as miocinas também influenciam o metabolismo de glicose e lipídios do corpo inteiro e o balanço energético, pois demonstraram atuar no tecido adiposo, fígado, pâncreas e intestino.
Irisina, resistência à Insulina e músculo
O músculo esquelético é particularmente importante na resistência à insulina, pois capta a maior parte da glicose pós-prandial. Portanto, como várias miocinas são produzidas como consequência da captação muscular de glicose, espera-se que a resistência à insulina possa alterar a secreção de miocinas. Além disso, como o desenvolvimento da resistência à insulina altera completamente o metabolismo dos miócitos (fibras musculares), a secreção de miocinas durante o exercício também pode ser comprometida.
Irisina e Insulina
Como vimos anteriormente, a irisina parece desempenhar um papel na sensibilidade à insulina. Nesse contexto, evidências destacam que a irisina circulante pode ser aumentada de maneira compensatória para superar ou neutralizar a resistência à insulina cada vez mais agravada. Um estudo de metanálise demonstrou também que a irisina circulante foi significativa e positivamente associada à resistência à insulina.
Dessa forma, a Irisina pode desempenhar um papel de proteção para resistência à insulina porém, vale ressaltar que essas ações fisiológicas da irisina quanto a insulina ainda não estão totalmente compreendidas na literatura científica.
Referências bibliográficas
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