A alcachofra, também conhecida pelo seu nome científico, Cynarascolymus, é originária das regiões mediterrâneas e pertencente à família Asteraceae. Ela é uma planta milenar cultivada por diversos povos (caso dos romanos e egípcios) por conta das suas propriedades terapêuticas, como, por exemplo, colagoga (excita a secreção biliar), colerética (aumenta o volume de secreção de bile do fígado), antiespasmódica (inibe a motilidade da musculatura visceral), antidispéptica (combate o desconforto gástrico), hepatoprotetora, antianêmico (combate a anemia) e antitrombótica.
Com relação a sua composição nutricional, a alcachofra é considerada um alimento de baixo valor calórico, baixa concentração de gorduras, rico em fibras (principalmente a inulina) e com uma grande quantidade vitamínica e mineral (precipuamente em ferro, vitamina C, tiamina, niacina e piridoxina). Por conta da enorme quantidade de fibras, a planta é indicada para pacientes portadores de diabetes, obesos e pessoas com constipação intestinal.
Além disso, ao utilizar o processo de cromatografia (processo físico-químico que separa as substâncias químicas), foi possível observar a presença de enzimas (proteases, oxidases, peroxidases, etc.), óleos essenciais (muuroleno, humuleno), ácidos alifáticos (láctico, málico, succínico), galactosamina, entre outros.
Em relação aos compostos fenólicos, a alcachofra apresenta 22 metabólitos secundários (compostos produzidos em plantas com o intuito de combater estresses bióticos e abióticos), sendo 11 ácidos cafeolquínicos (caso do ácido cafeico, ácido monocafeoilquínicos e ácido dicafeoilquínico) e 8 flavonóides (luteolina, apigenina, narigenina e nariritina), sendo a Apigenina 7-O- glucoronídeo o principal flavonóide encontrado em amostras.
Essa composição da alcachofra é responsável pelos seguintes efeitos farmacológicos:
Atividade hepatoprotetora: os estudos de Adzet et al., (1987) e Wegener e Fintelmann (1999), demonstraram resultados positivos ao testarem a capacidade hepatoprotetora de compostos ativos extraídos da alcachofra, onde a cinarina e o ácido caféico (em menor proporção)
exerceram efeito protetor contra a toxicidade produzida por CCl4 em hepatócitos de ratos.
Atividade antiviral: segundo os estudos conduzidos por McDougall et al. (1998), Zhu et al. (1999) e King et al. (1999), os compostos ativos extraídos da alcachofra (ácidos dicafeoilquínicos e seus decorrentes) impediram a replicação do vírus da HIV ao inibirem a enzima HIV integraze. Além disso, a pesquisa de Slanina et. Al. (2001) demonstrou resultados semelhantes ao utilizarem a cinarina (ácido 1,3-caeoilquínico presente na alcachofra) para impedir a proliferação do vírus HIV.
Atividade antimicrobiana: a pesquisa realizada por ZHU et al. (2004 e 2005) consistiu em isolar os extratos clorofórmico, etanólico, butanólico e de acetato de etila das folhas, cabeça, e do talo da alcachofra.Como resultado, os pesquisadores observaram efeitos antifúngicos e antimicrobianos. Ademais, os autores ressaltam que o ácido clorogênico, a cinarina, a luteolina-7-rutinosídeo e o cinarosídeo apresentaram as maiores atividades, sendo mais ativas contra os fungos do que contra as bactérias.
Atividade antidispéptica: o estudo duplo-cego randomizado com grupo placebo de Holtmann, G. et al. (2003), indicou que pacientes tratados 2 vezes ao dia com 320 miligramas do extrato da planta apresentaram um maior alívio dos sintomas e uma melhora na qualidade de vida quando comparados ao grupo placebo. Esses resultados são corroborados pelo estudo de Marakis, G. et al. (2002), neste, os autores observaram o potencial terapêutico da utilização de baixas doses do extrato de folhas da alcachofra, o estudo contou com 516 participantes (454 completaram) e teve como resultado, uma redução em todos os sintomas dispépticos, apresentando uma diminuição de 40% no “global dyspepsia score”.
Atividade antilipêmica:a atividade antilipêmica foi observada no estudo de Englisch, W. et al. (2000), neste, os autores investigaram a eficácia e tolerabilidade do extrato seco da alcachofra quando submetidos a pacientes com hiperlipidemia e comparado ao placebo. O resultado apresentou uma diminuição, estatisticamente significante, no colesterol total e no LDL-colesterol quando comparados ao grupo placebo.Esses achados são corroborados pelo estudo de Bundy, R. et al. (2008),
A pesquisa tinha como objetivo verificar o efeito do extrato das folhas de alcachofra em adultos com hipercolesterolemia moderada, ela durou 12 semanas e contou com 131 participantes, os indivíduos foram alocados em dois grupos (um recebendo a substância e o outro o placebo), os resultados demonstraram que o grupo que recebeu o extrato apresentou uma diminuição modesta no colesterol total ao final do estudo.
Referências:
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