O licopeno faz parte do grupo dos carotenóides, sendo um carotenóide acíclico, com finalidades de absorção da luz durante o processo de fotossíntese, fotoproteção de microrganismos e responsável pela pigmentação vermelha nos alimentos de origem vegetal (caso da goiaba, melancia, tomate, entre outros). Vale ressaltar que nessa forma "natural" o licopeno está na sua forma trans, sendo pouco absorvível pelo corpo quando ingerido.
Diferentemente da maioria dos fitoquímicos, o licopeno apresenta uma incrível resistência ao calor, preservando suas características após passar por processos culinários. Um exemplo claro disso é o tomate, que ao ser cozido e acrescido de um pouco de gordura, torna o licopeno mais biodisponível (quantidade e velocidade na qual o princípio ativo é absorvido).
Além disso, o licopeno apresenta uma outra característica que o distingue dos demais carotenóides, ele não apresenta função pró-vitamina A, ou seja, após ser ingerido e absorvido ele não é convertido em vitamina A.
Igualmente importante é o potencial antioxidante que o licopeno desempenha no organismo, sendo duas vezes mais antioxidante do que o betacaroteno, sua habilidade consiste em combater espécies reativas de oxigênio (EROs). Sua alta performance em desativar as moléculas reativas de oxigênio tem relação com o seu elevado número de duplas ligações conjugadas, visto que a maior parte dos carotenóides apresenta 9 duplas ligações conjugadas enquanto o licopeno apresenta 11 conjugadas e 2 não conjugadas.
Essa "defesa" proporcionada pelo fitoquímico foi relatada em diversos estudos e para os mais diversos causos.Um exemplo disso é o estudo de SIMÕES, K. e REBELO, A. (2014), onde as autoras investigaram como o licopeno atuaria nas fibras musculares cardíacas e esqueléticas contra o estresse oxidativo ocasionado por uma atividade física extenuante. O estudo foi realizado em modelo animal e demonstrou que o licopeno exerceu um efeito antioxidante contra o estresse oxidativo induzido por exercícios físicos exaustivos e, por consequência, também atuou como o um protetor nos músculos cardíaco e esquelético. Por fim, as pesquisadoras concluem que a suplementação pode ser benéfica para atletas e praticantes de atividade física.
Achados parecidos também são evidenciados no estudo de GIOVANNUCI, E. et al. (1995), neste, os autores realizaram um estudo de coorte prospectivo (estudo observacional que avaliou o desfecho ocasionado pela exposição a um determinado elemento), para avaliar a relação entre o consumo de carotenóides, retinóis, frutas e vegetais e o risco de câncer de próstata.
Os resultados encontrados demonstraram que dentre os 46 vegetais, frutas ou outras substâncias, somente 4 apresentaram relação com um menor risco de câncer de próstata, caso do licopeno, do molho de tomate, dos tomates e do suco de tomate. Por conta disso, os pesquisadores sugerem que o aumento do consumo de licopeno ou dos alimentos ricos nele, talvez diminua a incidência do câncer de próstata.
Essas propriedades trouxeram notoriedade para o licopeno, classificando-o como um alimento funcional (alimento com componentes ativos que, supostamente, melhoram a saúde de quem os consome).
Referências:
WILLETT, W. et al. Intake of carotenoids and retinol in relation to risk of prostate cancer. J Natl Cancer Inst . , [S. l.], p. 1767-1776, 6 dez. 1995. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7473833/. Acesso em: 1 nov. 2021.
Pelis FM, Rona MSS, Matioli G. O LICOPENO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PREVENÇÃO DE
DOENÇAS. arqmudi [Internet]. 3º de março de 2013; 11(3):5-11. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/20002MOREIRA,
Emilia; SHAMI, Najua. Licopeno como agente antioxidante. Rev Nut, [S. l.], p. 227-236, 1 jun. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rn/a/sJ6qRLvhXvkQR6CjnKgZN7K/?lang=pt. Acesso em: 1 nov. 2021.
PEREIRA, C. A. M.et al./Revista Eletrônica de Farmácia Vol 6(2), 36-61, 2009. Disponível em: https://revistas.ufg.br/REF/article/view/6546/4805 Acesso em: 1 nov. 2021.
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