As especiarias têm sido amplamente utilizadas como condimentos há milhares de anos. Provavelmente, você já ouviu falar da famosa cúrcuma, açafrão-da-terra ou até mesmo açafrão. Esses nomes, embora guardem muitas semelhanças, são bem diferentes, por isso, hoje vamos entender quais as diferenças entre o chamado açafrão da terra e o açafrão da índia.
Açafrão da Índia
O açafrão da índia (Crocus sativus L), ou até mesmo chamado somente de açafrão, é amplamente cultivado no Irã, e países como, Grécia e Índia. Ele é extraído do pistilo (é a parte reprodutiva feminina das flores, geralmente localizada no seu centro) da flor Crocus sativus, que é constituído por estigmas (abertura superior do pistilo por onde entra o pólen) e apresenta aroma intenso e cor vermelha-alaranjada.
Como seus três estigmas são a parte mais valorizada e devem ser recolhidos manualmente, o açafrão é considerada a especiaria mais cara do mundo, e é chamado de “ouro vermelho” no Irã. O açafrão é amplamente utilizado na indústria alimentícia, farmacêutica, medicina e na indústria de perfumes.
Açafrão-da-terra
Já, o açafrão-da-terra, ou cúrcuma (Curcuma longa Linn), é uma raiz de origem asiática. É produzida a partir dos seus rizomas (família do gengibre), responsável pela sua cor alaranjada. É composta por aproximadamente 133 espécies em todo o mundo e vem sendo empregada há milhares de anos devido às suas aplicações medicinais. Hoje cresce de forma espontânea em várias partes do Brasil.
Diferenças entre suas aplicações
Como vimos anteriormente, enquanto o açafrão é extraído do estigma de flores, o açafrão-da-terra é uma raiz semelhante ao gengibre. Por isso, apesar de semelhantes, os benefícios para a saúde podem diferenciar-se.
O açafrão da índia, possui como principais polifenóis: a crocina e a crocetina (responsáveis pela cor do açafrão), pricrocrocina (responsável pelo sabor amargo do açafrão) e o safranal. Seus principais benefícios incluem, efeitos neuroprotetores, ansiolíticos, antidepressivos e auxílio na memória e aprendizado. Alguns estudos ainda demonstram bons resultados em distúrbios femininos: como síndrome pré-menstrual e sintomas vasomotores associados à menopausa.
Já a cúrcuma ou açafrão-da-terra, seu principal polifenol é a curcumina, que vem sendo amplamente estudada. Seus efeitos são mais centrados no combate à inflamação e estresse oxidativo, reduzindo dores e danos musculares, melhorando a recuperação e performance. Estudos apontam seu potencial para colaborar no tratamento de doenças inflamatórias, cânceres, doenças autoimunes, neurodegenerativas, cardiovasculares, depressão, diabetes, obesidade e a síndrome metabólica.
Referências bibliográficas
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