A concentração de CoQ10 é frequentemente reduzida no músculo de pacientes com miopatia mitocondrial. Porém, para indivíduos com desordens mitocondriais, a CoQ10 é muito amplamente utilizada para o tratamento de distúrbios mitocondriais primários.
Numerosos estudos descrevem que nos casos de doenças mitocondriais de gravidade variável, a resposta à suplementação de CoQ10 normalmente se dá em dosagens de 30-300 mg/dia.
Seu papel nestes casos está relacionado ao seu envolvimento na síntese de ATP, sendo que a CoQ10 afeta a função de todas as células do corpo, especialmente aquelas com alta demanda energética, tornando-se essencial para a saúde de todos os tecidos e órgãos. A CoQ10 é a nossa única solução lipossolúvel antioxidante sintetizada endogenamente e que eficientemente previne a oxidação de proteínas, lipídios e DNA.
O papel fundamental da CoQ10 na bioenergética mitocondrial e suas reconhecidas propriedades antioxidantes constituem a base para suas aplicações clínicas, embora alguns de seus efeitos podem estar relacionados a um mecanismo de indução gênica.
Acerca do tema, um estudo de intervenção de três meses incluiu oito pacientes com encefalomiopatias suplementados com 160 mg CoQ10/dia, no qual os pesquisadores relataram uma tendência para uma melhor resistência muscular, menos fadiga durante os deveres diários e diminuição dos níveis de lactato e piruvato séricos níveis. Em outro estudo, de seis meses de ensaio clínico duplo-cego, 44 pacientes com miopatias mitocondriais foram tratados com 2 mg/kg de CoQ10 diariamente. Dezesseis dos 24 pacientes experimentaram uma diminuição de pelo menos 25 por cento nos níveis de lactato pós-exercício.
No geral, parece que doses maiores de CoQ10 são indicadas para distúrbios mitocondriais. Recentemente, um dos maiores grupos de pesquisa do mundo no tema demonstrou os benefícios da suplementação de CoQ10 em vários modelos celulares de doenças mitocondriais. No entanto, a evidência clínica que suporta um tratamento benéfico para CoQ10 na doença mitocondrial primária ainda é limitada. As razões para isso incluem a relativa raridade de pacientes com essas condições e a heterogeneidade das doenças mitocondriais incluídas nos ensaios clínicos.
Referência bibliográfica
Garrido-Maraver, J. Clinical applications of coenzyme Q₁₀. Frontiers in Bioscience, 19(4), 619. (2014) doi:10.2741/4231 Wajda, R. et al. Increase of Bioavailability of Coenzyme Q10 and Vitamin E. J Med Food 10 (4) 731–734 (2007) doi: 10.1089/jmf.2006.254