A silimarina, também conhecida como Cardo-mariano ou cardo de leite, é uma planta milenar originária do sul da Europa que, nos dias atuais, é encontrada no mundo inteiro. Pertence à família Asteraceae e é cultivada por conta dos seus potenciais efeitos terapêuticos.
Ao analisar o extrato lipofílico padronizado, é possível observar que a silimarina apresenta uma composição rica em flavonoides (aproximadamente 70/80%) e por volta de 25% de compostos polifenólicos poliméricos oxidados. Dentre os flavonóides, devemos destacar o principal composto bioativo, a silibinina e os três subsequentes, silicristina, silidianina e isosilibinina. Além disso, o extrato apresenta, em menor proporção, ácidos graxos essenciais (os flavonóides quercetina e taxifolina), alguns flavolignóides (como a silihermina, dehidrosibilina, desoxisilidianina, entre outros) e a betaína (aminoácido que apresenta efeito hepatoprotetor).
Por conta de sua composição rica em substâncias antioxidantes e ácidos graxos essenciais, o cardo-mariano é indicado como um coadjuvante no tratamento de doenças hepáticas (caso da DHGNA, cirrose, exposição a toxinas ambientais e hepatites).
Seu mecanismo de ação ainda não é totalmente esclarecido, contudo, estudos in vitro apontam que a silimarina atua em diferentes frentes:
Como antioxidante, combatendo às espécies reativas de oxigênio (EROS), diminuindo o risco de peroxidação lipídica (junção de um radical livre nos ácidos graxos da membrana celular, ocasionando na destruição celular) e aumentando a produção endógena de enzimas antioxidantes como o superóxido dismutase (SOD), catalase, glutationa peroxidase (GPX) e glutationa redutase (GSR).
Como anti-inflamatório, a silimarina interage com as proteínas quinases (enzimas que catalisam a fosforilação de proteínas), diminui a produção da cicloxigenase 2 (enzima que participa do processo inflamatório) e inibi o fator nuclear Kappa B (via de sinalização pró-inflamatória).
Como um agente bloqueador de toxinas, visto que a substância consegue se ligar aos receptores presentes nas membranas dos hepatócitos e, consequentemente, inibindo a ligação de agentes nocivos nesses sítios.
Como um imunomodulador e agente antifibrótico, a simatralina consegue induzir a apoptose ou reduzir a ativação das células de Ito (células responsáveis pela reserva de lipídios) ou, ainda, aumentando degradação dos depósitos de colágeno no parênquima hepático
Por último, mas não menos importante, a substância apresenta propriedades regenerativas do tecido hepático, ocasionada pelo estímulo da RNA-polimerase.
A literatura científica apresenta diversos estudos que corroboram e demonstram as propriedades apresentadas pela silimarina, como o caso do estudo de Zhang, W., Tian, T. e Hong, R. (2013), neste, os autores administraram 200mg/kg de silimarina para animais, os resultados mostraram uma redução de NFKB, de citocinas pró-inflamatórias e redução do acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos. Ademais, o estudo mostrou um aumento significativo da enzima superóxido dismutase e uma esteatose hepática mais branda em comparação ao grupo placebo.
Para reforçar ainda mais os benefícios hepáticos promovidos pela silimarina, temos os estudos de Oveisi, S. et al. (2012) e Yazdi, H. et al. (2013), nestes, os autores tiveram como resultado, uma redução nas enzimas hepáticas ALT e AST com o uso da silimarina em pacientes com DHGNA e esteato-hepatite.
Contudo, vale ressaltar a necessidade de mais estudos duplo cego randomizados com grupo placebo para conseguirmos um parecer mais fidedigno do real potencial terapêutico da silimarina.
Referências:
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